Meu primeiro
contato com a internet foi em 2004. Apesar de ter um computador em casa há
algum tempo e conviver com meu pai trabalhando diariamente nele, meus
interesses eram outros. Afinal, saudosismos à parte, eram outros tempos - conectar
a rede era uma tarefa cara e para finais de semana (além de ocupar o espaço do
indispensável telefone fixo). Não lembro exatamente quais eram minhas
pretensões nos primeiros acessos, mas não tardou até que me encontrasse
acessando sempre que pudesse o Orkut – e assim seria por muito tempo.
Criado em janeiro de 2004 pelo
turco Orkut Büyükkökten (que lhe
empresta o nome), o Orkut visava, primeiramente, o mercado americano no
crescente fenômeno das comunicações digitais. Seis meses depois, contudo, o
Brasil se torna líder em acessos e de lá nunca mais sai. Durante seis anos foi
a grande rede social do país, chegando ao ponto de o Google (empresa que o
opera) transferir, em 2008, o controle do site da Califórnia para Belo
Horizonte. À medida que cada vez mais pessoas acessavam a internet, acessavam,
invariavelmente, o Orkut. Sou parte dessa geração. Não é exagero dizer que uma
parte do que sou hoje foi moldada ali, naqueles fóruns e páginas azuladas. Nos
últimos anos, contudo, ascendeu e se consolidou outra rede social azul na
preferência brasileira e mundial. Rei morto, rei posto – o que fora rotina
viera à ruína.
Acessei o Orkut novamente na última semana. A primeira
sensação que se tem é de desolação. Um amontoado de propagandas e links duvidosos
dão bem a dimensão do que o site é nos dias de hoje. Contudo, uma exploração um
pouco mais detalhada traz a inevitável nostalgia. Há ali uma verdadeira memória
de um período longo de minha vida. Revi, por exemplo, fotos de quando troquei
de colégio, conversas que tive sobre a Libertadores de 2009 com um amigo e o
que escrevi para desejar feliz aniversário à menina que viria a ser minha
namorada. Quatro anos atrás.
Apesar da franca decadência, o Orkut ainda registra 17
milhões de visitantes por ano no Brasil, número bastante considerável. O que
ainda o mantém ativo são as comunidades. Na maior comunidade do Grêmio no site,
por exemplo, o fórum continua com diversas postagens diárias sobre tópicos
referentes ao time. Além das esportivas,
tradicionalmente mais frequentadas, outras de assuntos específicos e de suporte
tem seus membros constantes. Ao encerrar minha visita, decidi arriscar: criei
um tópico para criticar as recentes atuações de Barcos com a camisa tricolor.
Não é que acabei passando o resto da noite envolvido nela?
Infelizmente, não há volta para o Orkut. Em tempos em que até
mesmo o Facebook dá sinais de fragilidade, esperar que a rede social
“brasileira” volta a representar o que um dia representou é ilusão. Apesar de
tudo, o site ainda vale a visita. Não para encontrar as novidades que movem o
mundo real e digital, mas sim para encontrar consigo mesmo, com o que você já
fora. As vezes, olhar pra trás também é uma boa pedida.
-Lucas Panfolfo-
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